segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Post Note.

Acordei querendo ir embora,
Sem dinheiro, malas ou música,
e sem dizer nada pra você.

Porque enquanto você esta Lá,
não há Sol,
e eu fico só,
só,
sozinho.

Mais sozinho que meu violão, quando estás por aqui.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quase-Homem.

Antes de tudo, não se importem com minha identidade. Não liguem pra quem sou, para meu nome. Sem registros, marcas ou certidão de nascimento. Sem crédito, conta, propriedade ou qualquer sinal de reconhecimento por parte de parentes e amigos. Estas coisas são mentiras, não lhe dirão quem eu sou, embora você possa crer que sim. Peço-lhe para preocupar-se, ao ler, apenas com minha individualidade. Ou, melhor, ainda, preocupe-se apenas com a sua. Tire de seus ombros sua aparência por alguns momentos, segure a respiração se quiser. Esteja sozinho. E escute.

Eu deveria começar dizendo que sou, já fui, ou virei a ser um homem. Pode parecer óbvio, mas não é. Há alguns anos eu não me achava um homem. Não tinha um emprego, futuro, muito menos responsabilidades. Haviam esperanças e sonhos, mas mesmo estes eram vagos, abstratos. Minha voz gritava apenas pela urgência de estar vivo, minha vontade de viver. Viver tão rápido quanto seria minha morte. Sobrevivência, nada mais.
Eu não pensava em mim como um homem. Me diziam que eu não tinha nada. Me chamavam de moleque. Me diziam que um homem tem planos, sonhos e investimentos. Me diziam que um homem sofre a vida inteira pra saber quem realmente é. Me diziam que eu deveria montar uma família, arrumar um emprego, ser promovido. Eu digo que tudo isso é mentira. Merda, balela. Eu digo que é tudo uma mentira montada através de séculos de baboseira memorialista esgotada, um grande plano para manter-te calado, chamado sociedade contemporânea. Quer saber quem você realmente é? Quer saber o que é um homem? Olhe para os pêlos que te crescem por todo o corpo. Olhe para suas unhas mal cortadas, que parecerão garras em um futuro próximo, olhe para seus caninos. Olhe para dentro da calçam, e verá um homem. Isso, meu amigo, é um homem.

O que me leva a um questionamento banal, mas sutil: Como podeos acreditar na pretensão de que somos mais do que animais? Seriam os prédios, as corporações? As armas, a medicina? A História, a indústria farmacêutica? São essas as coisas que nos fazem humanos? Ou seriam essas as coisas que roubam nossa humanidade? Eu digo que sim. Digo que não precisamos de Viagra, Vicodin e Rivotril para viver. Digo que não precisamos saber que foram Quéops, Tutancámon e Ozymandias. Digo que não precisamos saber de Demerol, ou clínicas de reabilitação dos famosos. Seja um um Urso. Seja um leão, um coiote. Seja um leão, e serás um homem. Pois enquanto os urubus que se colocaram acima de você nesta hierarquia doente brincam de ser grandes homens à suas custas, na maioria das vezes serás apenas um rato. Suprimindo nossos instintos de rebelião, individualidade e livre arbítrio para saciar necessidades criadas. Quase-Homens é o que somos. Quase-Homens é o que tendemos a nos tornar. Nos passam valores morais a priori honestos, que ao nosso crescer mutam-se e transformam-se na típica imoralidade cristã que vemos em senadores, empresários, jornalistas, pastores e os demais que controlam e brincam com nossa alma. Culpam Deus por seu egoísmo e imoralidade, dizem que Ele nos quer obtusos e calados. Pregam "Sua" palavra em cada esquina, clamam fazer "Sua" vontade em frente à um microfone, dizem que há um plano. E é claro que há um plano, o mais simples de todos. Eles querem que você desista de ser o que nasceu pra ser, e se torne o que foi ensinado a tornar-se. Te fazem desistir de ser humano, fecham seus olhos, tampam seus ouvidos, cortam suas garras e suas presas. Te amestram, com um microfone e um livro.


Pois quando eu fecho os olhos, quando tampo os ouvidos e cerro minha boca, o que vejo é um mundo ideal, onde recuperaríamos o que os nossos primeiros antepassados perderam para seu primeiro rei. Em um mundo ideal, eu vejo a verdadeira ética humana ressurgindo das cinzas e substituindo violentamente o que nos ensinaram a ser, crer. Destruiríamos farmácias, Igrejas, cadeias, escolas, supermercados, monumentos, hotéis e hospitais. Mataríamos por simples instinto, raiva e ódio nossos domadores e adestradores, que por tanto tempo nos calaram e usaram. Seríamos bons por natureza, nos tornaríamos o que nascemos pra ser: Selvagens, instintivos, livres!

Prestaríamos atenção ao que importa e nada mais: Dor, Sexo, Fome, sem distrações, sem luxos e sem tempo. Não seríamos morais ou imorais. Seríamos amorais, como todo o universo. Amorais como Deus, se ele existisse. Amizade, amor, palavras como estas poderiam achar seu verdadeiro significado, sem segundas ou terceiras intenções. Seríamos animais perfeitos, belos como nada no universo é. Entenderíamos nossa posição no mundo e no universo como simples formas de vida, sem complicações ou teses existenciais. Animais perfeitos, capazes de sentir pensar e refletir, mas ainda sim fiéis à si mesmos, à sua identidade.

Abro os olhos de novo, e vejo e ouço gente educada. Dor inventada, sexo forçado, fome em excesso para muitos e inexistente para poucos. Pessoas que se tornam o que lhes ensinam a ser, tampando com o vazio de um razão sem lógica seus instintos, suas verdadeiras emoções. Quase-Homens, que não sobreviveriam sem seus donos. É só o que vejo, até quando me olho no espelho.

Carteiras de identidade, CNH, Placas de carro. Números e números, que muitos alegam ser nossa própria identidade. Quem somos? Nossos empregos, nossos carros e nossas certidões, atestados, contas, empréstimos, ações sonhos e investimentos. Essa é a nossa identidade, e nada mais. Pois individualidade falta ao Quase-Homem. Somos exatamente ninguém, e adivinhe para onde estamos indo.

Exatamente.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Post Scriptum.

"Lately I've been hard to reach. I've been to long on my own".



Nunca quis me acostumar em ser sozinho,
nem gostar de sentir saudade do teu cheiro.
Mas aqui estou, gostando da solidão.
e me acostumando com seu perfume, que não vem.
Não vem.
e não se vai.

domingo, 1 de novembro de 2009

de vez em vez

verte dá'me vertigem

sorri... coro logo

que petróleo algum pague

és estrela e eu tão terra

de tanta lava amarga

remoi adentro

chove

brota água:

mata a sede,

nascem frutos

de vez em vez quase acredito.

mas és tão estrela.

e ainda de madrugada ouço espíritos:

"if people were rain, I was drizzle and she was hurricane"